26/12/2006

ANEL


Cada rosto da Lua
Que conhecemos pelo olhar
Vela-nos, de semblante sorridente
Numa benção contínua de estrelas festivas.
Aconchega o meu corpo no teu corpo,
Meu amor,
No manto escuro da Noite que nos acolhe
Esta é só mais uma Noite
- a do Renascimento –
Que se irá repetindo
Através da contagem infinita das nossas Horas,
Na velocidade do nosso sangue,
No calor dos nossos corações
Que se entregam um ao outro
Como o reflexo do espelho
Segue o corpo que o procura,
Encontrando-se para além dele
No momento único do Amor.

PRESENTE PARA A VIDA


- És floco de neve doce em jeito de coração

Soando a deliciosa bondade ao ritmo de cada Hora

Em que renasces no quotidiano desembrulhado

Entre fitas e laços de momentos presentes

E chegas, assim, à conclusão que tens mais Tempo

Do que o Tempo deixa ter

E tens mais serena alegria

Do que a dose certa de alegria que a Vida deixa nascer...


- A cada arrastar suave das tuas argênteas asas

A Noite deixa-se embalar em cândidos despertares

De beijos transformados em estrelas

Que caem como fogos fátuos sobre os desejos daqueles que as olham.

E desta Noite para todas as outras noites desfolhadas do calendário

Salva-se o abraço que segura todos os que querem ser abraçados.

Assim o dita a Lei do Amor...

Em todas as Noites de todos os Anos.


Somos o nosso próprio e único "Presente"...

22/12/2006

PARA ALÉM DA PEDRA...


A minha alma despida
Contra a pedra do Tempo
Arrasta dentro de si barcos naufragados
Que tu transformas em tesouros verdadeiros
Lançados à vida como moedas
Num poço dos desejos.
Vejo o sol através de ti
Dourando o teu corpo
Como local sagrado onde me professo
Na eternidade de saber quem tu és.
A tua palavra renasce em mim
Como a tua própria vida se estende dentro de mim.
Lançamos âncora a este Tempo.
Ficamos, por ora, por aqui...
Nos braços um do outro
Como duas árvores enleadas na antiguidade do ser.

18/12/2006

LIMITES SUBTRAÍDOS


Quando a Noite desce à Terra
Com suave manto atrás de si
Contam-se as estrelas
Como soma infinita
Que resulta no teu nome.
A força que vem dos séculos
Na passagem do Tempo
Entre os nossos corpos
Ateia as fogueiras
Que transbordam dos nossos corações
Queimando os únicos limites entre nós
Nos contornos dos gestos perdidos um no outro.
Trazemos a herança espiritual
De duas almas aprendizes
Forasteiras através das Horas
Que se reencontram nesta paragem
Chamada Presente.
A viagem é recomeçada
Através dos portões da imortalidade
Nos olhares que completam
A pausa inefável do nosso beijo.

11/12/2006

AGORA QUE AS PALAVRAS SE FUNDEM...


"Agora que a minha vida se inaugura diante das tuas pupilas,

Sabes que sou teu,

E sei que és minha.



Agora que o abraço é um facto e sinto-me completo,

Eu sou tudo,

E os dois somos mais.


Agora que por fim está claro onde estás e onde eu estou,

Dás-me as boas vindas,

E ofereço-te todo o meu amor.


Agora que o beijo mais esperado funde os nossos lábios,

Tenho-te para sempre,

E sempre mais.

Faremos desta união de almas um latido eterno,

Belíssimo binómio fundindo essências que nasceram para se amarem,

Amor eterno mais além de toda a lógica e compreensão.



Apertamos as mãos rumo ao outro lado,

Cruzando portas, horizontes, distancias, tempos,

Olhando e sorrindo, estando distantes da ausência,

A cada passo.


Faremos que os poetas se fixem na nossa união e que suspirem ao nos observarem,

Demonstrando que um mais um não são dois quando se ama,

E não é apenas um quando nos sonhamos.



Agora que a árvore nos acaricia com a sua sombra dançante,

Agora que digo…Amo-te!

Agora que posso responder a esse sorriso com um beijo dos nossos,

Agora que a procura é encontro.


Sinto-me…

E sinto-te…

E mais do que isso,

Agora e necessário gritar ao mundo,

Sim!

A esse que já não acredita nos desígnios,

Que és minha,

E eu sou teu…" (Taliesin)

Agora que as palavras se entrelaçam no silêncio incontido dos nossos corpos
Agora que as almas secretas entendem a profecia daqueles que ousaram amar
Deixando o coração nas mãos do Destino
Agora que os meus passos se confundem, em crescendo perpétuo, com os teus
Na subida harmoniosa desta escadaria entretecida pelos degraus
De um Tempo rendido e de um Amor perfeito
Agora que do longínquo veludo negro espreita a Deusa Lua
Enlaçando-nos nas suas bençãos descodificadas
Agora que o teu sangue corre com o meu sangue
Para além de um elíptico pacto
Como a força vital dos amantes reencontrados
Agora que escrevo com as mãos do deste Fado
Com ou sem palavras
Porque as suas raízes já tu as conheces:
Nasceram de ti e regressam ao teu colo
Do meu abraço profundo
E enamorado do teu ser.
Agora que não existem nem portas nem janelas
Nem circunstâncias fechadas deambulando entre o sonho e a realidade
Agora que tu e eu escolhemos existir enquanto Nós
Agora que o sabemos...
Agora que a Terra nos recebe
Como leito feroz de ausências cobradas ao desafogo desse imparável Kronos
Agora que somos mais do que a vontade granítica que rompe os muros visíveis
No muro indestrutível que é o nosso
Agora que dançamos a mesma dança entrelaçada em corpo de árvore
Os nossos braços são ramos férteis rumo ao infinito.
Agora colheremos os frutos
Que estão para além do próprio significado de uma lenda.
Porque somos a origem
Do que somos Agora.

DESTINO


Cruzo as marés altas do desejo
No corpo das tuas palavras.
Lanço âncora à terra firme
Da tua vontade em mim.
Aventuramo-nos na redescoberta
De um novo mundo sem fim.
Somos os únicos a chegar
Onde começam as emoções.
Os primeiros e os últimos.
Mãos de homem e de mulher
A serviço de outros deuses
Prolongando o Amor na Terra.
Dou os primeiros passos na tua direcção
Como o barco que se guia para a costa
Através do farol que brilha desde o teu olhar
Até ao final do começo do meu.
Abro a porta da tua alma,
Lenta e tranquilamente,
Como quem chega a casa à hora certa
Após a viagem de uma vida inteira.
Eu cheguei e tu chegaste
Ao mesmo porto seguro:
O dos nossos braços.
A minha pele sobre a tua pele
Encontra o prazer demorado
De quem vence o próprio tempo
Dentro do Tempo que nos é dado a viver.
Desta vez.
Desta vez chegamos ao nosso destino.
Encontramo-nos no corpo um do outro
Mitigando a sombra da saudade
Com o nascimento de um sol
Em cada recanto em que nos tocamos.
Bebo dos teus lábios o sabor da eternidade
Como a jura que não é pronunciada.
Existem palavras que nascem apenas para se sentir.
Em silêncio.
Enquanto acontece a verdadeira revolução da humanidade:
O amor na minha mão que se prolonga na tua
Fecha o círculo que nos pertence.
Lá dentro...
O mundo ficará sempre suspenso no nosso olhar.


06/12/2006

A CIÊNCIA DA VIDA


..."CASAS COMIGO AOS SETENTA ANOS?"...

04/12/2006

EXPLOSÃO


Sopro de vida incontido
Explosão infinita de mil sóis e de mil luas
Dança eterna do teu olhar sobre mim
Eterno retorno do teu corpo dentro do meu.
O sabor do teu amor
Aporta em mim qual barco que chega ao cais
E decide ali naufragar
Como quem desmaia o corpo no meu abraço
E entrega a própria alma ao meu coração.
Tu vives dentro de mim
Sabendo a eternidade.

27/11/2006

CÍRCULO COMPLETO


Eras tu e era eu.
Dois espíritos soltos no mesmo labirinto.
Os fios não chegavam
A todas as palavras por dizer.
Matéria do mesmo destino
Elementos de um idêntico querer
Não querendo ser o acaso
No ocaso do dia anterior.
Eras tu e era eu.
Corpos em silencioso desalinho
De uma dança em vendaval
Sem passos marcados
Do princípio ao seu fim.
Ritmos cadentes sem direito a desejos
Nas estrelas que caíam a nossos pés.
Eras tu e era eu.
Os gritos desligados da sua melodia
Enquanto os significados se entrelaçavam
Na contagem infinita das Horas
Que espreitavam tão longe,
Lá daquele passado,
Disfarçando-se, agora, de sonho:
Corpo feito em Tu e Eu.
Realidade:
Somos os dois apenas um.

CRENÇA DO PASSADO


Sou daquele a quem a voz diz menos do que o silêncio.

Sou daquele a quem reconheço olhar após olhar, desde o princípio dos tempos até ao final da consciência deles.

Sou daquele que me espera por uma jura eterna.

E nada terá fim.

Curtos serão os séculos perante um breve toque mútuo...as nossas mãos, que brincarão juntas um dia, construíram, outrora, o primeiro homem e a primeira mulher para perpetuarem o eterno: o Amor.

Fomos Deuses; fomos tudo...Somos nada separados. E, por isso, esperamo-nos em todas as vidas que vivemos. Buscamo-nos, adormecidos pela mútua ausência, que nos dificulta a reunião.

Mas ele sente-me...e eu sinto-o. Vemo-nos, por enquanto, com os olhos da alma. Tranquilizamo-nos, irrequietos, por sabermos ver para além desta vida.

Lá longe...estaremos, sempre, tão perto.

23/11/2006

EU e TU


Um quarto da lua
Na soma das metades
A minha outra parte
Com a parte que é a tua
Em adição crescente
Transcendendo todas as operações
Físicas ou matemáticas
Conhecidas na Terra ou no Céu
No dia que se despe
No corpo da Noite.
Uma gota de água
Que se revolve em oceanos
Na costa que avança
Da terra do teu corpo.
Conta contínua
Superando qualquer sinal
Desenhado nos traços do igual.
O meu passo atrás
O teu passo à frente
É outra questão de perspectiva
De quem abraça ou é abraçado:
Estamos voltados para o mesmo lado.
Uma frase decomposta
Numa tua palavra
Ou numa minha palavra
Têm o mesmo significado
Quando se pede a tradução.
Mas quem a pedir
Não acerta nesta mágica soma
Aparentemente inacabada
Porque no intervalo aberto
Só conhece estes códigos
Quem respeita, ignorando,
A solenidade destas regras:
Fechadas no infinito
Do uníssono partilhado
Entre estes dois bater de corações
Que de, supostamente, dois
Se faz, logicamente, um.
Conta terminada:

Eu e Tu.

20/11/2006

ÉDEN NO TEU CORPO


Diz o meu nome na brisa

que povoa o teu coração

acariciando em mim as sílabas que restam

em gestos lentos de quem acorda,

finalmente,

nos braços de quem ama.

Toca o meu corpo na areia

que recebe, também, o teu

juntando para além das nossas almas

o limite um do outro,

um no outro,

como o indizível que se adivinha no olhar.


Sou o tempo que não se conta à tua beira

como a onda que nasce e renasce

de cada vez que regressa à linha da costa

na linha dos teus braços contornados em mim.

Sou a palavra mais do que completa na tua boca

como o beijo cúmplice e roubado

ao silêncio gritante um do outro

que fica marcado em códigos secretos na nossa pele.

Sou o sonho concretizado

docemente murmurando desde este passado

que me falava sempre de ti:

um eco que encontrou resposta.

Sou o próprio sorriso personificado

que nasce dos teus lábios

e termina no brilho do meu olhar em valsa perpétua...


Porque tu existes dentro de mim.

15/11/2006

VIDA NOVA

Inauguramos a vida
Do outro lado da chuva
Trazendo o início do sol dentro do coração.
Renasce das cinzas
Do passado inteiro
O alento de um calendário por estrear.
Pouco tempo para viver...
Porque os passos do fogo que arde em nós
Sabem à própria eternidade.
Para além de todo o caminho
Que nos envolve à nossa frente.
...
Um beijo a troco do resto do mundo.

11/11/2006

MESMA ESSÊNCIA


Vi o sol nascer
Com o brilho que era de ontem
Quando ainda te esperava
Com a fome do dia de amanhã
Porque hoje era o teu regresso.
O sol nasceu sozinho
Num parto lento e doloroso
Como quem abre os olhos para a vida
Com a sombra da morte
A morar na alma,
Porque herdou apenas um fantasma.
E quando olho o sol de hoje
Vejo para além do passado
Onde meu ser aí te encontrou
Numa voz de jura eterna
Que desmaiava toda a solidão
Porque somos a mesma essência.