19/12/2010

...
o rosto sem medo caiu como máscara nos teus braços
e agora arde lentamente como papel desenhado
entre palavras e corações a tinta negra
...

13/09/2007

UM SÓ



Onde eu termino

E tu começas

As palavras são monumentos

Onde adoramos e crucificamos

Meias verdades

Em holocaustos ardentes.


Onde eu paro

E tu corres

Os corpos são estradas intermináveis

Sedentos de movimento

Onde caminhamos perdidos

Do amor dos Deuses.


Onde eu choro

E tu ris

A vida e a morte

São sementeiras cíclicas

Onde, vorazes, dançam os séculos

À volta do Homem.


Onde eu calo

E tu falas

O eco dos sonhos

Cresce nas paredes frias

De templos decadentes

Onde se tingiram os pecados

De santas absolvições.


Onde eu morro

E tu nasces

Respira-se o amor inebriante

De braços amantes que se completam,

Unidos,

Entre os céus e a terra.

Onde as partes

São o Todo

Eu e Tu

Somos um só.

21/05/2007

TÃO ANTIGO O SOM DAS PALAVRAS


Tão antigo o som das palavras

Como espelhos ardentes de desejos

Que se consomem em labirintos eternos

Ao sabor da tua pele

Onde a vontade é de percorrer os seus caminhos

Sem nunca querer chegar

Os passos que se deixam

Como mapa dos dias nos teus beijos

Acumulam-se na espiral que se transforma

Na teia que te acolhe e abraça

Não só no dia de hoje como no dia que acorda amanhã.

Adormecem os sonhos ao cuidado dos teus braços

Eternizados na coincidência das nossas almas

Que batem sonoramente com o mesmo coração.

A Lua recorta-se entre nós

Como a luz que abençoa para longe as sombras à nossa volta:

Fogo-fátuo desta vida

Caímos em todas as outras

Como seres unidos pela mesma espécie

A do AMOR.

12/03/2007

O TEU CORPO É A MINHA CASA


Todas as vezes da História.

Acontece.

Que do teu corpo me levante

Como a árvore que se ergue da Terra

Com raízes enleadas

Nos espaços férteis do teu coração.

De ti parto. A ti regresso.

Lar que abraço

Sendo abraçada.

Ponho a alma à lareira

E deixo o mundo lá fora.

Aqui dentro o Tempo passa

Apenas ao sabor dos nossos lábios.

As nossas mãos guiam-se sem mapas

Porque os limites esbatem-se em nós

De cada vez que chego aos teus braços

Depois do caminho escolhido.

O teu sorriso dançando no olhar

Ilumina a alma inteira que se te entrega.

A novidade és sempre tu

Na conquista demorada

Do meu corpo no teu corpo.

Não eras tu a presa

Que se deixava prender nos meus braços.


Era eu que me prendia a ti.

25/02/2007

PARA TI...


Para ti...

Serei jardineiro fiel que conquista novas espécies

Desfolhando novas pétalas ao sabor da tua presença

Novos ramos como os braços que te alcançam

Num mundo completo entre o Céu e a Terra.

Serei outro escritor perdido

Entre a imensidão das palavras

Que nunca chegarão para cumprir o desígnio

De todos os significados de ti em mim.

Neologismos por nascer apenas vivos no olhar.

Sempre entendidos entre nós
Como a mais perfeita linguagem do AMOR.

14/02/2007

...DOS NOSSOS...


Sim... era uma vez... uma vez sem história. Porque esta história não tem espaço nem tem tempo, como gostam de mandar as regras. E é uma vez sem história, sem espaço, sem tempo e sem provas para a situar. Esbatia-se assim na elipse provocada pela distância da memória. Falava-se que eram duas gotas quase idênticas no final (provavelmente no início também!), que graças ao seu “quase” (esse aparente nada praticamente total) cabiam uma na outra e ficavam completas. Milagre da Natureza ou fruto do Acaso?




E era “outra vez”...outra vez sem lembrança. Dizem os boatos para fazer crer que são os Deuses que estão loucos...ou pior: que não existem! Mas a verdade é que não há fumo sem fogo. E os boatos são restos de labaredas que Prometeu ofereceu ao Homem a troco de nada. Verdades esfumadas que se disfarçam de lendas inacreditáveis...que duas chamas, aparentemente idênticas, consumiam-se uma na outra e, ao contrário de se apagarem, edificavam o próprio fogo que arde no Olimpo. Obra de Hefesto ou simples vontade humana?




E como não há duas sem três...assim reza qualquer máxima supostamente lei, deslocam-se por aí, palavras que passam ao sabor do que se sente e do que não se entende (pois assim, é coisa do coração!) e não há razão nenhuma que se equilibre entre os ventos Alísio e Siroco. Apenas as brisas discretas, que se escapam dos gigantes, e dançam em pares unidos pelo mesmo centro: lá dentro eleva-se uma verdadeira tempestade. Soltam-se os cabelos ou amarra-se o coração?




Quando alguém conta um conto e deixa outrém acrescentar um ponto prende o “Era uma vez...” à terra e larga o seu “Fim” nos céus. Papagaio de vento com sombra no chão, apanha-lo tu? Apanho eu? Preso por uma ponta, este sonho ficou mesmo na areia. E despertou, de maneira igual, em dois seres nascidos do pó. Dizem as más-línguas que um derivou do outro e, por isso, “um” seria inferior. Sabe-se, no entanto, que as notícias, mesmo que não corram ligeiras, chegam sempre ao seu lugar. Um e outro são do mesmo barro e ocupam o mesmo espaço, quando olham verdadeiramente dentro dos olhos de cada um.




As perguntas ficam para trás...que agora é hora de respostas.




O que arde nas ondas que voam da terra do Homem e da Mulher é o que compõe aquilo de que é feito o verdadeiro AMOR.




Um único beijo.

04/02/2007

NO TEU OLHAR O PRINCÍPIO E O FIM...


Secretas vozes
Docemente
Entre as cortinas do Tempo e do Espaço
Suaves mãos acordam os anos
Atrás do encantamento que nos adormecia.
O primeiro olhar
Entre nós os dois
Demorou-se um pouco mais do que a eternidade.
E tudo à nossa volta
Desfaleceu, de repente,
Como um corpo que lentamente se despe...