16/01/2007

POEMA DE "ONTEM", NA NOITE DE HOJE, PARA "AMANHÃ"!


1ª noite

Por vezes,
É o silêncio da noite
Confundido com o da eternidade
Que me deixa seguir a tua voz
Desembaraçando-me deste corpo
De passos adormecidos
A um canto da realidade.
Muitas vezes,
É o caminho da madrugada
Que se estende num abraço
Entre o meu espírito e o teu
E que me liberta, segurando-me,
Nas raízes das tuas palavras.

2ª noite

Apaga a luz mas não as estrelas.
Esconde o dia num bolso qualquer
De uma roupa que abandones
Ao sabor da tua noite.
Cada contorno das tuas palavras
Explode em mil sóis
Quando tocam o limite da pele.

3ª noite

As palavras revoltas
Na ansiedade da ausência
Como tempestade apertada no nó do peito
Trabalham a alma em espirais eternas
Contra o que próprio Tempo quer.
O corpo suporta
O barro anímico
Ao qual dás a essência tranquila
Em forma de outra vida
Nascida por entre hábeis dedos escultores.

4ª noite

Gostava de gravar em mim os desenhos que inventas
Como mapas tatuados
Onde a minha alma que não está aqui
Aprendesse a caminhar
Para além das esquinas que despontam em auroras
Recortadas do passado.
Este tempo que me anoitece
Não é o mesmo no qual desperto.

5ª noite

É quando o corpo se deita e a alma desperta
Que a vida se desenrola dos fios da teia:
A verdade para além das palavras.


6ª noite

Escuto as vozes que vêm no vento
Enlaçadas em fios de prata
Que nos unem como contas
De um colar ao pescoço dos deuses.
Partido em mil palavras
Por mil vidas
Se espalha
Através do Tempo que se reflecte no espelho da eternidade.
A alma do Homem
Procura refazê-lo
Para unir as suas metades:
Homem/ mulher.

7ª noite

Acordo para a ilusão
Que ganha a força do rasto de uma lágrima.
Palavras há muitas.
De noite para o dia...Leva-as o silêncio.

10/01/2007

"HIGHER LOVE"


Deixo as palavras escurecidas pela saudade
À luz do candeeiro que acendo no teu amor
Leio a tua alma em páginas soltas entre os meus dedos
Como a leitura sem sono que me embala num sonho sem fim
Encontro-te por entre as brumas de tudo o que somos
E visto-te despindo-te do real quotidiano
O teu olhar encontrando-se com o meu
À hora marcada pelo Senhor do Relógio
Desde o primeiro momento em que se lembrou
De conduzir o Homem através do Tempo.
Compulsivamente lutando contra os ponteiros
Marcamos as mãos nas mãos um do outro:
Tu segues-me e eu vou.
Eu sigo-te e tu vens.
Num marejar constante de ondas vitais
Que partem do oceano das nossas existências.
Conto na Noite as letras do teu nome
Que em mim se formam em novas constelações
Aí sou navegante que descobre o futuro
Nas linhas que se cruzam desde as palmas das tuas mãos
Ao resto do céu inteiro.
E tudo o que me dizes são luzes de estrelas-guias
Que não deixam pegadas na areia:
Porque marcam passo no meu coração.

03/01/2007

EM FRENTE...


No Tempo que se desenvolve à tua beira
Como essência nova descoberta
Que se despe do teu corpo no meu corpo
Os aromas esbatem-se na troca de limites
Que habitam, naturalmente, em nós,
Em jeito de espiral.
Chegamos e partimos
E assim sucessivamente,
Um no outro,
Como barcos do mesmo cais,
Do mesmo mar,
Com o mesmo rumo...
Olhando bem,
É um único barco
Partindo de um único cais,
Neste imenso mar
Em que trilhamos o mesmo rumo.
Somos nós.
O caminho em frente é nosso.